Para grande alegria de todos que vêem nesses dias a esperança da renovação, o nascimento é talvez o emblema maior deste sentido.
Uma vida que começa é como o início de uma nova linha que aponta para um horizonte onde não podemos ver. Lá estão os dias de verão das suas férias, as surpresas e as prendas esperadas, as cartas e os livros que quer ler, os grandes feitos que irá render ao mundo através dos seus talentos e do seu trabalho, os amores que encontrarão, a par de outros que também o irão tentar, os caminhos sinuosos do seu coração.
Ao olhar para trás, na perspectiva de um passado cheio de dúvidas, é que se tem a certeza de que o futuro chega não importa o quanto nos preocupemos com ele. Impõe-se à nossa vida como dita a própria contagem do tempo, afinal, ninguém pode deter o sol quando ele se põe ou se levanta.
Acho curioso como o nascimento do Senhor Jesus serve também para firmar em nós essa convicção da renovação das coisas à mercê do que não podemos controlar.
Veio Ele ao mundo para ser o Cristo, ou seja, o Messias, para redimir a humanidade, e assim o fez. Todavia, no momento do nascimento, era só um bebé, sem grandes aspirações para além das que têm os bebés todos: ter a atenção da mãe e do pai, ser bem alimentado, protegido e poder descansar. Nisso vejo que o menino Jesus tinha imenso potencial e é mesmo assim que o Natal deve ser para nós: renovação da esperança no potencial que o amanhã nos reserva.
As cartas do jogo da vida não estão todas dadas quando do nascimento, antes estão nas nossas próprias mãos e as jogamos todos os dias, com todos com os quais temos algum relacionamento. Ao nascer temos um baralho novo. Nas nossas cartas, ninguém nunca tocou naquele momento.
Tudo pode ser feito, tudo pode ser alcançado, o potencial é incomensurável, o futuro coloca-se todo aos pés de quem pode começar assim puro e limpo uma vida de redenção do que não trouxe nem paz e nem felicidade para um período novo em que um novo comportamento irá fazer a vida também diferente.
Podemos, também nós, os nascidos há muito tempo, nascer de novo, se tivermos a grande coragem que um tal ato exige. Todavia, não vale a pena ser tolo... é um projeto ambicioso! Prende-nos ao antigo estado a pregüiça, o desânimo, a falta de motivação em geral e quando damos por nós já chegou Dezembro outra vez e está tudo como d'antes. Para prevenir tal acontecimento, temos de encontrar os nossos motivos (daí é que vem a motivação) e bem fortes motivos devem ser! Dou-vos um: querer fazer da nossa vida mais do que uma existência à espera dos outros. Se quisermos verdadeiramente, podemos ter uma vida sublime. Sabeis como são as vidas sublimes? Ora, são as vidas vividas em prol de algo maior que nós mesmos. Nenhuma vida grandiosa foi egoística, antes pelo contrário, foram vidas voltadas para os outros e nisso há muita verdade e nesse caminho encontra-se seguramente a bendita felicidade e a paz.
Na esperança de uma nova vida que podemos fazer para nós próprios também há muita inocência e de certeza que o Senhor Deus lá do céu irá abençoar este esforço. Força!
Quanto aos que escolheram este Dezembro para nascer de facto, o meu bem haja e as minhas boas vindas a este maravilhoso e fantástico mundo que nos foi legado pelos nossos antepassados.
É nossa suprema responsabilidade conduzi-lo com amor e zelo para que estes pequenos que só agora juntaram-se a nós possam também apreciá-lo e fazê-lo melhor.
No fim das contas, mas ainda tendo em conta a ideia acima referida da perspectiva do tempo, nós não somos proprietários de nada, no máximo temos a posse das coisas por um determinado período de tempo. Assim, há que preservar e viver pensando que sempre haverá um amanhã.
Devemos todos querer nascer melhor, amigos. O futuro pede de nós esta alegria e esta determinação.