terça-feira, outubro 26, 2010

Hey, you!


Ando um bocado farto dos formatos repetidos, daí penso que é melhor achar que são reinvenções originais e inocentes do que foi feito antes e, por alguma sorte incrível, repetiram-se em condições semelhantes sem ser iguais no todo, já que guardariam algum frescor novo, algum brilho de descobrir por si.

Já há muito tempo ouvi dizer que a praticidade garante-nos paz de espírito, mas em verdade, os práticos são chatos e vão dar sempre ao mesmo: os resultados. Mas isso importa pouco e quem o sabe não tem paciência para explicar aos chatos.

Pensemos, no entanto, num caminho fácil: resultar é alcançar o que se procura, daí fica menos objetivo dizer-se que um resultado é um sucesso específico, já que até no fracasso pode se alcançar um resultado. Ora bem, isso até faz sentido, mas não acho que um bom tecnocrata ficaria feliz com essa perspectiva. Vamos a mais.

Doutra feita, vamos às nossas certezas e ao método socrático (relativo ao filósofo grego, não ao aldrabão de carreira). O que é bom e o que é mau? O que é certo e o que é errado? Aonde se quer chegar? Por que se vai até lá? Acho que cada um responderia de uma maneira diferente a cada uma dessas perguntas e é por isso que os resultados são conformes a nós mesmos e não a nenhum padrão pré-defenido que vá fazer feliz ao estúpido da esquina que vende um creme milagroso a ajudar o êxito das performances.

Nesse mundo que se vai perdendo à massificação do comportamento e da arte, há muita beleza, há sim que eu sei. Lá ainda se encontram os nossos poetas mortos, a pintura viva sob uma tela morta, o teatro grego dos dramas e das comédias da natureza humana e nossa verdadeira grandeza também lá está, homenageada por toda arte. Mas onde estamos nós? Ah, sim, pois é, já quase me esquecia. Estamos a perseguir objetivos...

E por viver assim perdidos, vamos um dia morrer desencontrados de nós mesmos e dos outros e sem nenhuma fatalidade, ser esquecidos.

Mas não é preciso que seja assim. É capaz que a liberdade no coração e no pensamento possa conduzir a uma boa vontade maior do mundo. E assim ele poderia nos oferecer aquilo que a cultura de massa nos incita a arrancar dele.

terça-feira, outubro 12, 2010

Viva o Rei!

...........................Estátua de Dom Pedro IV no Porto

A forma republicana não é ruim, na sua essência, nem os princípios republicanos são ruins. Mas quando falamos dos Estados nacionais, ou seja, dos países que reúnem um só povo, com uma identidade étnica, religiosa e linguística, não acredito que a república seja uma forma de estado melhor que a monarquia.

Antes de mais, porque a monarquia não é oposto da república e dos seus princípios. Na monarquia constitucional o soberano não é monarca, mas sim o povo, a quem o Rei representa. Com mais legitimidade que qualquer presidente, o Rei deve defender os valores nacionais, a sua identidade, o seu destino manifesto. Assim, a monarquia não é anti-republicana, mas sim mais republicana do que a república, uma vez que também abraça o respeito pelos ideais de igualdade entre os homens e da boa gerência dos dinheiros públicos, com a vantagem de não trazer em si a pressa das realizações com fins popularistas ou a endêmica corrupção da república.

Em Portugal e no Brasil instalaram-se repúblicas tenebrosas, assentadas na força bruta e na ignorância do povo, assassinaram um rei e expulsaram um outro que tinha servido o país por 50 anos para que morresse quase abandonado num hotel de Paris.

Nos dois lados do atlântico, a república serviu aos grupos sociais emergentes para apossarem-se do poder do Estado sem ter que dar satisfações ao fiscal real que não permitiria os seus abusos e desmandos. Foi assim que o século XX será sempre lembrado pelas estúpidas ditaduras que forçaram Portugal e o Brasil aos grilhões da obscuridade e da censura.

A forma republicana foi, portanto, um meio eficaz para iludir os espíritos que pediam mudanças mas sem, de facto, promovê-las. No Brasil tivemos o caso exemplar de Rui Barbosa, que chegou a discursar a favor da república, mas que depois de implantada à força e sem participação popular, viu que nada mudaria, pois os problemas do país não estavam no seu monarca, mas sim em questões estruturais que teriam de ser enfrentadas com trabalho e não com um covarde golpe de Estado.

Há poucos dias vimos o deprimente espetáculo que foram as festividades pelos 100 anos da república em Portugal. Mas festejar o que? As ditaduras que vieram a substituir a democracia dos tempos dos reis? A falta de liberdade de expressão que foi implantada para calar os que contestavam os desmandos? A corrupação que premiava os filhos dos chefes dos partidos e os amigos dos poderosos do aparelho estatal? Afinal, a república vem custar ao povo muito mais, incalculavemente mais do que a monarquia, com o ônus acrescido da sua ilegitimidade.

Todo o quadro fica ainda mais triste de se admirar quando recordamos que Portugal é o mais antigo Estado nacional do mundo, fundado sob a coroa de Dom Afonso Henriques, que conquistou essas terras a lutar cara a cara com os mouros invasores.

Assim como Barbosa, um dos mais destacados intelectuais brasileiros de sempre, se retratou e passou a defender a monarquia pelo resto da sua vida, também é hora desta multidão de indiferentes acordar para a realidade e banir de vez essa escumalha republicana cujo único e perene ideal é espoliar o dinheiro dos impostos ao seu próprio bem e dos seus comparsas e parentes.

Abaixo a república!

Viva o Rei!