segunda-feira, setembro 05, 2011

London pride


Depois de 3 anos, voltei à capital do Reino Unido para ter com os lugares onde a minha vida fora apressada, cheia de expectativas, desafiante e ainda assim plena do British manner of doing things.
Ainda lá estava a Coluna de Nelson, com o célebre almirante lá no alto, no meio da praça de Trafalgar, a olhar a Whitehall e a torre do Big Ben.
Por vezes é difícil descrever o que os lugares significam para nós. Associamo-los às pessoas com quem convivemos naquela altura, ou ao ânimo do lugar, ao seu espírito geral... a forma daquele povo, daquele lugar, de pensar e agir.
Londres para mim são os londrinos e é também a própria história da Inglaterra e do Império Britânico.
É impossível não ver as marcar de tão devastador domínio, por vezes acompanhado de grande brutalidade, que este povo exerceu sobre o mundo. De certa forma, o mundo veio ter com os britânicos em Londres, para ver se dão o troco participando também eles da pujança gerada a partir das antigas colônias britânicas em que muitos deles nasceram.
Da minha parte, não há nenhuma ligação pessoal ao Reino Unido anterior à minha estada como estudante por lá, iniciada há 5 anos atrás. Pensava tratar-se de um país que vivia das sobras do seu passado de opressão sobre o mundo, com pessoas esnobes que não tinham boas praias para se bronzearem.
Bem, talvez não tenham mesmo boas praias... Mas não são nada do que eu imaginava. Trata-se de um povo muito corajoso, muito firme, cheio de orgulho da sua herança. São muito civilizados, um educação que pode por vezes tomar a forma de cinismo, mas que no geral é responsável por uma atmosfera social de bastante harmonia, do que é muito fácil conviver com eles.
Eu aprecio sobretudo o sotaque britânico (em oposição ao sotaque americano). Gosto imensamente da intonação quase exagerada, das vogais longas, das expressões que são um vício de usar e que são tão diferentes das ditas em português. (Second to none sempre foi uma favorita, assim como that's a new low). É a inteligência expressa na forma de falar, uma inteligência que dá muito prazer ver fluir e que é muito viva e apreciada.
Lá estive, uma vez mais, depois de tanto tempo, não tanto para rever as marcas que o passado fez em mim por aquelas paragens, mas tanto sim para reviver um bocadinho o gozo que é viver numa das maiores metrópoles do mundo, a maior cidade da Europa, estar de volta para matar as saudades e para agradecer.
Quanto parti, dei-lhe as costas sem desprezo, mas com o gozo do dever cumprido. Terminei lá o meu curso, obtive os meus certificados, tudo com imenso trabalho e sacrifício. Desta vez lá estive, não para ir buscar nada, mas simplesmente para agradecer e sorrir na esplanada da Somerset House que dá para a margem do Tâmisa e sentir a brisa do fim do verão a passar.
Cheers, dear capital city.