Depois de muito tempo encontrei a foto em que está um primo meu e eu na piscina na quinta do tio Max, na altura em que éramos meninos ainda. Atrás, as palavras "os mergulhadores".
Quando chegavam as férias do final do ano, chegava também a época de ir para lá cultivar os bons hábitos da infância tardia que espertamente não quer se despedir. Fazíamos uma boa refeição de manhã e , com a bola de futebol debaixo do braço, rumávamos para lá, para o resto do dia as refeições eram no pomar, sempre visitado entre uma atividade e outra.
Dias havia que nos dedicávamos à caça, outros para explorar as antigas casas de colonos, outros para o três-troques no futebol, mas quando fazia mesmo calor, eram dias na piscina.
Não me lembro mais das dimensões, mas podia-se nadar livremente uma boa distância, ao menos em termos de braçadas de menino. Na parte mais funda devia contar com pouco mais de 3 metros e na mais rasa eu, com algo como um metro e meio, dava-me pé facilmente.
Muitas vezes nadávamos na piscina como os gladiadores lutavam nas arenas: uma cerrada competição, seja para ver quem tinha mais fôlego, seja para ver quem nadava mais rápido, mas de todas as disputas, minha favorita era o mergulho. Numa das modalidades que eu mais gostava, ficávamos de costas para a piscina e ao mesmo tempo jogávamos uma moeda dentro d'água: quem trouxesse a moeda do outro primeiro ganhava. Noutra modalidade, valia mais o movimento do mergulho: tomava distância e, tendo em conta um degrau bem antes da quina, media bem os metros para o impulso, o salto e a entrada na água, a força com que me jogava para o impulso através da água para vir à tona bem mais à frente.
Por vezes quando nado no centro de esportes da City University fico a lembrar daquelas tardes de verão e daquele tenaz mergulhador que não admitia jamais vir a tona sem a moeda do adversário: sorri-me sempre cheio de camaradagem quando o procuro no espelho.