segunda-feira, abril 09, 2007

Chocolate suíço



Fez-me lembrar a Corte Suíça, em Westminster, Londres, um presente de aniversário que ganhei: uma caixa de finos chocolates suíços. Ainda não cheguei a comer deles porque isso do aniversário coincidir com a páscoa fez com que o cheiro do chocolate chegasse mesmo a enjoar... mas acho que são deliciosos, após umas semanas vou provar daquilo.
Conhecida pelo chocolate de boa qualidade, pelos relógios precisos, pela neutralidade e pelos bancos, a Suíça é muito querida dos britânicos. Em 1991 um marco com os brasões de todos os cantões suíços, além de mais um que representa a bandeira do país, foi colocado numa das entradas da praça Leicester para homenagear os 700 anos de independência do país, daí em diante esse largo passou a se chamar Swiss Court. Quanto a bandeira da suíça, vale revelar que é uma velha conhecida minha: tentem imaginar fazer um exame de desenho da bandeira do Brasil com o céu austral no lábaro aos 8 anos e vão perceber a minha inveja das crianças suíças.
É pela Corte Suíça que se tem a mais bela entrada da praça Leicester, um sítio cheio de cinemas, teatros e bistrôs, muito concorrido por cineastas, escritores e artistas plásticos, além dos estudantes e turistas, claro! Junto a esse marco gastei muitas horas a conversar com os amigos, usei como ponto de encontro e mesmo quando estava com a minha bike parava por lá para sentir as minhas saudades.
Numa dessas conheci uma garçonete grega que esperava pela irmã ali, iriam comemorar juntas o aniversário dela. Percebi daquela vez que, ao contrário do que se dá com os ingleses – não duvidem disso! – os gregos não prezam lá muito pela pontualidade, um horário estabelecido pode se atrasar até em 1 hora e meia e ainda será aceitável.
A nossa conversa foi sobre os países de origem, sobre Platão e a Acrópole, sobre Ipanema e Chico Buarque, até ela falar que era seu aniversário, o que me deu uma grande impressão e me fez sentir aliviado de não ter a perspectiva de passar o meu no estrangeiro, onde certamente ninguém se importaria com isso e também por fazer doer mais a ausência de quem se ama e em quem se ama. Sorte dela que ainda tinha ali a irmã e juntas iam vencendo as tramóias da vida de um imigrante, onde todo amor é tirado quando se sai do nosso país e nenhum é recebido quando se chega ao estrangeiro.
Quando vi que ela já estava exausta de esperar pela irmã, convidei-a para tomar uma cerveja num bistrô da praça e afinal vi que ela ficou feliz, teve significado para ela o dia de seus anos e por isso também eu fiquei muito feliz. Naquele dia ela completara 21 anos e era seu primeiro aniversário longe dos pais e amigos.
Hoje, assim de repente ao lembrar desse episódio, percebi a sorte de desfrutar um dia como esse, por ter por perto a família e amigos muito queridos e para que quem me ama tivesse esse argumento para declarar-se sem mais pudores.
Thank you all.