segunda-feira, dezembro 04, 2006

Num bar com Rodrigo Amarante e Jack Black

Acho o Rodrigo Amarante muito parecido com o ator americano Jack Black! E a semelhanca nao se restringe aos olhos muito separados no rosto, ou das expressoes de doido que os dois gostam de fazer... fisicamente semelhantes, acho ambos muito honestos com si mesmos.
O Rodrigo tocando e cantando sentimental lembra Jack Black no 'O amor e' cego', o Amarante de sentimental e' o Jack Black em 'King Kong', partindo pra ultramar no seu 'Venture', delirando de paixao, e como nao ver o amor do Rodrigo no professor encarnado pelo ator americando em 'Escola de Rock'?
Gosto sobretudo da maneira de olhar deles. Do fundo do coracao que juntava com prazer os dois numa mesa de bar pra tomar uma cerveja e provocar aquelas caras de estranheza com o mundo, alguns casos de fas neuroticas, vestidos rasgados, serpentinas e tortas de maca... isso para as primeiras horas, porque nas ultimas, e' possivel que sobrassem muitos sorrisos dos que conhecem bem o fundo das garrafas que ganham os olhares que foram pras namoradas, as partidas de buraco que fazem a noite com o copo de whisky parecer um servico sem a responsabilidade com o resultado, o amor transcendente que perdoa e compreende, dificil de achar como o e' a complacencia do credor que (por alguma intervencao divina) da' credito a quem tem um sonho mas nao tem mais muita coisa para garantir o emprestimo.
Com aquela maneira maluca de olhar, nao e' possivel que os dois nao comunguem da carencia infinita de amor que os liga, a tantos outros que nao tiveram medo de parecer tolos e demonstraram os proprios sentimentos com confianca e um orgulho meritorio. Talvez assim a arte possa fazer por merecer o nome, quando e' executada com o coracao aberto, sem maneirismos nem fotos para publicidade, so' a intencao de demonstrar o belo por alguma via... a musica, o cinema e tambem a poesia, pobrezinha! Por que nao?! Afinal ela esta' em tudo e nao e' vista, como os dois artistas em questao sabem bem!
E' de fazer ranger os dentes as imagens poeticas do Amarante no ultimo disco dos Los Hermanos, e' dificil entender como alguem sobrevive aquelas coisas pra escrever e gravar e depois dizer que fez tudo em um mes porque era o caso de se ter um disco novo. Acho dificil composicoes como 'Os passaros' e 'Condicional' serem esquecidas.
E' de enternecer o coracao a maneira simples do Jack Black fazer rir, transportando para esse cinema pobre de talento e de inventividade um frescor de inteligencia nos gestos, nos sorrisos, num deboche algo que nunca ofensivo mas sempre muito claro e como nao torcer para azarrao, afinal, o sr. Black e' um gordinho que posa de gala nos filmes! E' o anti-heroi americano do padrao de beleza e mesmo inteligencia, e ainda assim e' amado...
No ultimo gole, um abraco camarada e a satisfacao de ter partilhado as primeiras horas de um novo dia, dado enfim olhares sedutores as estrelas matutinas, em companhia de dois amigos que eu nunca encontrei, mas que sao honestos com si mesmos e magnetizam a vida com um paixao incrivel: o suficiente para terem o meu respeito.
'A saude dos dois!