quarta-feira, agosto 20, 2008

Dois tons de castanho

A impressão de que estou em Ouro Preto é constante aqui em Coimbra. É claro que essa mítica cidade universitária é um bocado mais antiga, mas os morros, o clima de revolta dos estudantes e mesmo o calor (escusado esteja o sol de agosto, no dizer de Sá Carneiro), aproximam-nas um bocado e assim sinto-me um pouquinho menos estrangeiro e menos só no mundo.
Abraçam-me as antigas lembranças de Ouro Preto, na doce companhia dos amigos, quando despreocupados e com o peito aceso, íamos pelos palácios e igrejas a pensar em como tirar o melhor proveito da próxima hora.
Foi em Ouro Preto que Patrícia mostrou-me o sinuoso e inebriante caminho de uma paixão ponderada mas nem por isso menor. Ainda lembro da minha cara de curiosidade ao ver aquilo tudo e tentar colocar num formato mínimo, sem nenhum sucesso e depois aceitar a verdade de que as ruas antigas sempre pedem mais esforços aos nossos corações... Linda amiga, como fomos felizes então...
Não foram outros senão os olhos de Raquel os que refletiram as estrelas do céu de Ouro Preto com total despudor de brilhar mais que elas.
Os prismas misteriosos de estar onde se quer estar e com quem se quer estar e prender-se à madrugada para que ela não mais se vá e se esgueirar pelos muros como os gatos para espreitar nos quintais o segredo desse amor mineiro que no recesso dos lares ainda existe como no princípio.
Ladeiras douradas de tempo, um céu antigo que sobre nossas cabeças não nos compreende... Essas ruelas estreitas que causam aflição e e que eu queria tanto poder alargar com os meus braços só para que o meu coração não tivesse de passar por elas tão apertado!
Ouro Preto reencontrada em Coimbra... depois de tantos anos, são sentimentos novos novamente.