quarta-feira, outubro 07, 2009

Fim da terra

Como um lento reflexo a se compor sobre a superfície do mar, o dulcíssimo marejar fez vir uma sensação de sentido e de receio que esmiuçava-se no calor.
Desde então - que grande sorriso maroto! - o verão foi doce e pleno.
A visita à Galiza, especialmente ao cabo Finisterra, foi apenas a precursora das indizíveis aventuras desta estação dos suores e das noites curtas...
Umas tantas músicas dos anos 80, bem lamechas, para o fim de tarde a voltar pra casa. Quantas outras passagens não recordam o mesmo sincero beijo? O tempo corre mais depressa desde que se decide pela vida...
Mas agora, sobre a secretária já cobram atenção umas poucas notas que remetem a telefonemas e compromissos para essas primeiras semanas do outono. Logo avoluma-se o trabalho, enche-se os dias com horizontes outros e pensamentos diferentes, preocupações novas. Um mesmo pulsar no coração, no entanto, alimenta-se de uma força destemida que parece sempre tão legítima que merece sempre um sorriso para si.
Acarinhada gema, nas minhas mãos indefesa e contente, que grande beleza nasce a cada seu sorriso.
E assim também eu nasço de novo a cada dia, estranhamente mais jovem e mais bonito, algo envergonhado por ter a si nesse precioso sítio, talvez, como num contínuo verão, fértil e robusto.
Nada mais afortunado que ter um coração puro.