quinta-feira, junho 13, 2019

Mein Schatz

  
Árvore do amor - Festa de Nosso Senhor de Matosinhos


No sábado passado tomei parte, pela primeira vez e em companhia do amigo Luís, da Festa de Nosso Senhor de Matosinhos: uma "festa da terra", embora Matosinhos seja bastante grande e esteja inserida na área do grande Porto.
Para quem é cá do Norte, não há muita novidade... a festa é tradicional e vem gente de muito longe para comer as farturas, levar os miúdos ao parque de diversões ou mesmo para comer uma sandes de leitão ou umas sardinhas assadas. Celebrada no calor de Junho, sente-se a alegria no ar.
Começamos mesmo com uma sandes de leitão assado acompanhado de um tinto maduro... e depois uns churros com recheio de oreo.
O Luís já sentia falta da nicotina e fomos dar uma volta para que ele fumasse o cigarro dele e a gente apreciasse a festa.
A subir da parte dos restaurantes, encontramos um rio de gente a sair da igreja do Bom Jesus de Matosinhos - uma linda obra do Barroco.
Fomos passeando para esse lado, curiosos. Afinal, tanta gente a sair da igreja... será o fim de uma homilia? Logo descobrimos: era uma bênção às crianças, marcada para o meio da tarde. Portanto, lá se fizeram presentes famílias inteiras. Miúdos a gritar, bebés com fome... irmãos mais velhos a fazer asneiras e pais desalinhados tentando manter a patota em ordem.
Em meio a tanta algazarra (o Luís já queria ir-se embora), surpreendi-me com um pensamento: que bonito esforço faz essa gente! Gente que deu gente ao mundo, com grande sacrifício pessoal... e com gosto.
Depois vieram-me imediatamente à lembrança conversas com amigos que já foram pais. Ao vê-los cansados, acabados, quebrados... sempre brincava a perguntar se valia a pena. A resposta foi sempre a mesma: obviamente, o amor paga tudo.
Como no cumprimento de uma profecia, surgiu logo a seguir no nosso caminho uma imagem peculiar: uma árvore com o tronco envolvido em croché branco e nos seus ramos e galhos foram colocados grandes corações vermelhos. Não poderia chamar-lhe de outra forma, que não "árvore do amor".
Acho que cada um daqueles corações poderiam muito bem representar alguém que amamos na vida, alguém por quem nos sacrificamos de bom grado... por amá-lo. Depois aquele fruto feito de dar ficava ali pendendo, não só para ser dado, mas também para ser colhido, porque o amor exige dois gestos: tem de ser oferecido e aceito.
Por muito caminho que se faça para longe da árvore do amor, esses frutos estarão ao nosso alcance. Basta um telefonema, e a voz de quem se ama faz saltar no peito o coração vivo. Basta um sorriso leve, um olhar de ternura, uma palavra de afeto... e a árvore produz um fruto novo.
E este fruto faz-se notar... faz uma figura tão bonita... inspira quem está por perto, dá esperança, afeto e repõe a nossa humanidade.
Foi então que dei por mim na festa do Senhor de Matosinhos influenciado pelo efeito contagioso do amor. Mas cuidado! Há que ver nas árvores que estão por aí, e que de repente encontramos, se dão frutos ou se nem sombra oferecem! E se for este o caso... a vida faz-se num deserto.
Para evitar esses percalços, o melhor é cuidar dessas árvores... se assim fizer, ninguém que gosta de si há de passar fome!