Pátria do mundo, eis a melhor definição do Brasil. Aqui há gente de todo lado, claro, mais brancos e pretos que de outra etnias, mas também acha-se amarelos, principalmente a vender pastéis e nas lavanderias e, claro, vendendo contrabando!
Os séculos de opressão contra o Brasil foram suficientes para, nesse tempo em que não existe sonho socialista possível a fazer frente ao sistema de exploração do homem pelo homem, insentivar um revanchismo tolo e cruel em muitos aspectos. Vivemos um tempo em que a fraternidade não é possível, não a pura fraternidade, de querer bem aos outros por convicção. É preciso querer bem ao próximo por obrigação.
Deste modo, o Estado brasileiro, como tantos outros, cria e implanta programas, leis, regras de comportamento dos funcionários e repartições públicas para implantar a fraternidade. Como eu disse antes, é uma política compensatória de fraternidade. Compensa-se aos negros por terem sido escravos, compensa-se as mulheres por terem sido subjugadas, compensa-se os paralíticos e outros deficientes por razões óbvias, compensa-se os velhos e crianças, por não terem forças suficientes para enfim deixarem de ser compensados!
Outra grande falácia do estado é o serviço de correios e telégrafos: no horário de almoço deviam estar com todos os guichês a atender, mas não é isso o que acontece, como ocorreu comigo no horário de almoço.
Tinha 15 minutos para postar uma correspondência. Pois bem, parece tempo suficiente, mas não quando se quer um regime de fraternidade obrigatória! Explico-me: com grande gentileza e calma, perguntei à atendente se tinha que ir à fila para comprar um selo postal que custa R 0,55. Sua resposta foi : "Claro! A fila é igual para todos!" Sua rispidez me assustou, mas retomei meu lugar na fila agradecendo. 25 minutos depois fui atendido e chegou junto de mim uma senhora que quis comprar três selos do que a atendente prontamente interrompeu meu atendimento e vendeu-lhe os selos sem sequer pedir-me licença. Indaguei dessa sua atitude, mas ela não respondeu de imediato, disse antes que não iria postar a carta porque o código postal estava errado, mas que iria me vender o selo e colou-o no envelope antes que eu a pudesse impedir. No fim disse ainda que eu não lhe deveria chamar a atenção porque a mulher era idosa e eu não, daí sua preferência, eu esclareci que tinha feito uma pergunta apenas e lhe recordei que tinha dito que a fila era igual para todos.
Fato é que, parafraseando George Orwell, uns são mais iguais que os outros! E para promover essa igualdade não se organizam debates públicos, não se incentiva o desapego do individualismo (fatal para o sistema de exploração do homem pelo homem), não se investe nas escolas públicas, nem se incentiva o povo a amar sinceramente. Tenta-se a fraternidade pela força, como um paradoxo difícil de engolir, louco como nosso tempo, cambaleante como o melhor whisky.
Não digo que velhos não mereçam cuidados especiais, principalmente mensalidades menores dos planos de saúde! Mas não os dispensaria de atividades que são plenamente aptos a realizar. Da mesma forma, cotas para negros em universidades públicas e idade menor para aposentadoria das mulheres: benefícios que não se justificam gratuitamente.
É deprimente que o Estado se debruce nessas compensações, onerando financeira e psicologicamente a parcela produtiva da população, como se estivesse a pagar uma "dívida" e ainda mais deprimente é o fato desses "beneficiados" calarem-se sobre seu desmerecimento particular para recebê-las.
Se todos não fossem tão agressivos para implantar a fraternidade, sob o prisma de uma desforra ancestral nada mais nobre que as velhas opressões, talvez ela fosse mais possível e enfim surgisse por si mesma.
segunda-feira, novembro 28, 2005
terça-feira, novembro 22, 2005
O Clube Atlético Mineiro
Gente a sorrir de felicidade e alívio. Não foi outra coisa que se viu no Mineirão no dia 20 de novembro. Enquanto os jogadores do Clube Atlético Mineiro esforçavam-se para garantir a vitória pelo placar mínimo, a imensa torcida suava junta, berrava e quase todos bastante bêbados, chingavam os adversários e o árbitro em gestos deselegantes para uma igreja ou um restaurante sociável, mas necessários a uma batalha verbal e apaixonada como a que se travou entre o Galo e o Coritiba: sem parar um instante de torcer e apoiar a equipe, sempre cantando o hino e com fé na vitória, a massa de atleticanos foi muito feliz nesse dia, de uma alegria pura e emocionante na sua sinceridade sem interesses. Uma das faixas foi emblemática desse sentimento, trazia o escudo do Atlético em forma de coração e em letras imensas dizia: "meu Galo, minha vida".
Lambão e generoso com os inimigos durante quase todo o campeonato brasileiro de 2005, o time do Galo encontra-se em estado de perigo, sob risco de ser rebaixado à segunda divisão do futebol do Brasil. Resultado alcançado por jogadores desmotivados, sem amor à camisa e mais que tudo por planejamento mal feito, o 1º campeão brasileiro agoniza tristemente.
No domingo, entretanto, houve algum alento: após duas boas vitórias longe de Belo Horizonte, contra o Paysandu e o Fluminense, foi a vez de vencer o Coritiba em casa para deixar a última posição do campeonato, mas ainda não a zona de rebaixamento, da qual tem que se livrar com uma combinação prodigiosa de resultados junto da série contínua de mais duas vitórias, contra o Clube de Regatas Vasco da Gama em Belo Horizonte e contra o Juventude em Caxias do Sul. Tarefa ingrata, a tomar-se pela fama de algoz que sempre faz valer o time da cruz de malta.
Isso tudo, entretanto, interessa muito mais aos matemáticos e dirigentes, além dos próprios jogadores, do que precisamente à torcida que encheu o estádio no domingo.
Entre os quase 40.000 torcedores, muitos havia que tinham tomado três ônibus, gastando mais de 2 horas para chegar, voltando para casa perto das 10 da noite, tendo que levantar às 4 e meia no outro dia para retomar a labuta. Mas naquelas horas de sacrifício que se seguiriam depois, quanta felicidade anestesiava ao relembrar o gol do Atlético e a certeza íntima e sagrada, inconfessável aos mais reservados, de que sua presença foi essencial à vitória, de que seu grito e seu sorriso alegraram os desmotivados, de que o Galo forte vingador que cantou tantas vezes junto da letra do hino, só existe enquanto time e torcida ungidos na fé neles mesmos e no futebol como desporto símbolo da virilidade, da amizade e da luta! Desta forma, os atleticanos fazem valer o seu ideal de vencer e de honrar o nome de Minas.
Lambão e generoso com os inimigos durante quase todo o campeonato brasileiro de 2005, o time do Galo encontra-se em estado de perigo, sob risco de ser rebaixado à segunda divisão do futebol do Brasil. Resultado alcançado por jogadores desmotivados, sem amor à camisa e mais que tudo por planejamento mal feito, o 1º campeão brasileiro agoniza tristemente.
No domingo, entretanto, houve algum alento: após duas boas vitórias longe de Belo Horizonte, contra o Paysandu e o Fluminense, foi a vez de vencer o Coritiba em casa para deixar a última posição do campeonato, mas ainda não a zona de rebaixamento, da qual tem que se livrar com uma combinação prodigiosa de resultados junto da série contínua de mais duas vitórias, contra o Clube de Regatas Vasco da Gama em Belo Horizonte e contra o Juventude em Caxias do Sul. Tarefa ingrata, a tomar-se pela fama de algoz que sempre faz valer o time da cruz de malta.
Isso tudo, entretanto, interessa muito mais aos matemáticos e dirigentes, além dos próprios jogadores, do que precisamente à torcida que encheu o estádio no domingo.
Entre os quase 40.000 torcedores, muitos havia que tinham tomado três ônibus, gastando mais de 2 horas para chegar, voltando para casa perto das 10 da noite, tendo que levantar às 4 e meia no outro dia para retomar a labuta. Mas naquelas horas de sacrifício que se seguiriam depois, quanta felicidade anestesiava ao relembrar o gol do Atlético e a certeza íntima e sagrada, inconfessável aos mais reservados, de que sua presença foi essencial à vitória, de que seu grito e seu sorriso alegraram os desmotivados, de que o Galo forte vingador que cantou tantas vezes junto da letra do hino, só existe enquanto time e torcida ungidos na fé neles mesmos e no futebol como desporto símbolo da virilidade, da amizade e da luta! Desta forma, os atleticanos fazem valer o seu ideal de vencer e de honrar o nome de Minas.
quarta-feira, novembro 16, 2005
Dezesseis de novembro
Uma candura e um apelo. Um sentir próprio das pessoas que amam sinceramente. Sente, sente a vida em todos os seus sentimentos, sente o amor que tem à sua volta e se regozija desta boa estabilidade de sentir.
Talvez deva lembrar suas feições de gentileza, cortesia e generosidade, cada uma de suas tão grandes e tão raras qualidades. Caberia ainda uma digressão exagerada sobre os seus diferentes sorrisos, cada qual com diferentes significados, e uma outra sobre seu cheiro, aquele que a brisa marinha influenciou, como um rochedo à beira mar que vai ficando liso com os séculos. Tudo isso não bastaria, pois é mais e maior que as metáforas, mesmo perfeitas e justas, sobre ela.
Surgem seus esforços de dedicação sempre precedidos de seu incomparável tato em não ferir. Constroem-se sua indizível pureza e seu pudor em ser de outra maneira, como dois componentes de uma só virtude. É ela mesma e isso dá muita alegria, pois de outro modo não seria tão doce, nem tão querida, nem tampouco o dia de hoje seria dezesseis de novembro.
É dia dos seus anos! Cometas a rasgar o céu desprevenido vêm dizer ao mundo que é para alegrar-se. Não é uma mártir dos pecados, mas redime o mundo de ser tão traiçoeiramente bobo e superficial.
Surpreendentemente habita os lugares improváveis. Por mais de uma vez já a surpreendi nos céus dos parques, nas esquinas tristes e distantes do centro da cidade, na saída do trabalho quando o tempo era bom e eu me senti enfim apto a apreciar o que quer que fosse. Lá estava essa moça, a sorrir diligentemente seu incomparável sorriso aos meus pensamentos, a trazer-me de volta das considerações mais absurdas sobre a condição humana, a resgatar-me sem saber de algum imaginário ou real degredo.
Além de mim, tantos outros se alegram. Seus pais, suas irmãs, seus colegas de trabalho, seus amigos, todos que a conhecem, hoje batem palmas! Alegram-se por tê-la por perto e por ela dividir com todos esses seus sorrisos e essas suas gentilezas, essa conversa cheia de interesses sinceros e preocupações justas, e sabem muito bem todos eles o quão especial ela é e como fica bonita quando um pouco preocupada!
Hoje queria beijá-la e dizer pessoalmente o quanto o futuro reproduzirá suas virtudes em felicidades e grande paz, que Deus há de garantir-lhe boa saúde, que todos os seus sempre se alegrarão mais e mais do seu convívio. Distante, todavia, reproduzo meus sentimentos nessa escrita e ambiciono coisas loucas!
Entre tudo, ambiciono um baile a mais para enfim conduzir seu corpo dançante entre as vias estelares de um salão sem estrelas (mas cheio de gente bêbada e ansiosa, mas enfim, há espaço para nós lá também!) E novamente poder fazê-la sorrir, talvez até gargalhar, construindo alguma alegria e tendo grande alegria, e então, como um mendigo satisfeito, não diria "Deus te abençoe", mas "que lindo sorriso!"
Talvez deva lembrar suas feições de gentileza, cortesia e generosidade, cada uma de suas tão grandes e tão raras qualidades. Caberia ainda uma digressão exagerada sobre os seus diferentes sorrisos, cada qual com diferentes significados, e uma outra sobre seu cheiro, aquele que a brisa marinha influenciou, como um rochedo à beira mar que vai ficando liso com os séculos. Tudo isso não bastaria, pois é mais e maior que as metáforas, mesmo perfeitas e justas, sobre ela.
Surgem seus esforços de dedicação sempre precedidos de seu incomparável tato em não ferir. Constroem-se sua indizível pureza e seu pudor em ser de outra maneira, como dois componentes de uma só virtude. É ela mesma e isso dá muita alegria, pois de outro modo não seria tão doce, nem tão querida, nem tampouco o dia de hoje seria dezesseis de novembro.
É dia dos seus anos! Cometas a rasgar o céu desprevenido vêm dizer ao mundo que é para alegrar-se. Não é uma mártir dos pecados, mas redime o mundo de ser tão traiçoeiramente bobo e superficial.
Surpreendentemente habita os lugares improváveis. Por mais de uma vez já a surpreendi nos céus dos parques, nas esquinas tristes e distantes do centro da cidade, na saída do trabalho quando o tempo era bom e eu me senti enfim apto a apreciar o que quer que fosse. Lá estava essa moça, a sorrir diligentemente seu incomparável sorriso aos meus pensamentos, a trazer-me de volta das considerações mais absurdas sobre a condição humana, a resgatar-me sem saber de algum imaginário ou real degredo.
Além de mim, tantos outros se alegram. Seus pais, suas irmãs, seus colegas de trabalho, seus amigos, todos que a conhecem, hoje batem palmas! Alegram-se por tê-la por perto e por ela dividir com todos esses seus sorrisos e essas suas gentilezas, essa conversa cheia de interesses sinceros e preocupações justas, e sabem muito bem todos eles o quão especial ela é e como fica bonita quando um pouco preocupada!
Hoje queria beijá-la e dizer pessoalmente o quanto o futuro reproduzirá suas virtudes em felicidades e grande paz, que Deus há de garantir-lhe boa saúde, que todos os seus sempre se alegrarão mais e mais do seu convívio. Distante, todavia, reproduzo meus sentimentos nessa escrita e ambiciono coisas loucas!
Entre tudo, ambiciono um baile a mais para enfim conduzir seu corpo dançante entre as vias estelares de um salão sem estrelas (mas cheio de gente bêbada e ansiosa, mas enfim, há espaço para nós lá também!) E novamente poder fazê-la sorrir, talvez até gargalhar, construindo alguma alegria e tendo grande alegria, e então, como um mendigo satisfeito, não diria "Deus te abençoe", mas "que lindo sorriso!"
sexta-feira, novembro 04, 2005
Fingi na hora rir
Desaprendi a ler daquele nosso jeito antigo. Fui apanhado pelos cabelos por um índio escalpeador, cortou-me essa capacidade. Agora leio literalidades. Prefiro não tomar sustos. Aos poucos vou me tornando um ridículo burguês, talvez seja isso mesmo.
Vamos partir em breve para um destino simples? Talvez vendam passagens pra esse lugar, mas não me refiro a nenhum entorpecente ou veneno... sem mormidez hoje, sem dramas simples. Eu gosto é do gasto.
Duas paralíticas vieram me pedir dinheiro para seu orfanato, perguntei se aceitavam amor, elas se ofenderam, achavam que eu estava debochando com alguma insinuação, mas na verdade eu estava na dúvida se aceitavam amor, porque os cartões de crédito, de todos os tipos, aceitavam. Claro que não daria o meu amor a elas, não tenho para dar, perguntei por curiosidade econômico-sentimental.
Tenho curiosidade, eis o meu mal. Curto imenso os limites das curvas, quando o carro vai capotar? Haverá sobreviventes? Continuará o carro em condições de funcionar bem depois? É impossível saber... essas curvas variam muito! Viva a geografia das nossas estradas que oferecem sempre curvas imprevisíveis. Descubro o corpo de seu cobertor e dou risadas inconvenientes, mas nunca a ponto de constranger... disso não gosto. Basta de ser curioso.
Bom mesmo seria não imaginar o amanhã, viver na realidade dos bichos, bom mesmo seria não ter tanto ideal, bom mesmo seria não ser escravo da paixão de quem sabe um dia vir a ser... sei lá o quê! E ter! Ter muito dessas coisas inúteis. E ter um amor também! Claro, um bem importante.
Será que ambicionar o amor assim é ser materialista? Será que uma moral reconstruída de um cristianismo burguês pode me livrar de ser tão tristemente tolo na conduta social? Será que ela me entende mesmo tão bem a ponto de amar? Meu Deus, amar! Que verbo desconjurado do que devia mesmo ser!
Amo mesmo é o verbo contemplar. Contemplo. Dentro de mim calo tudo. Sim, não digo, não vou dizer, não digo mesmo. Curto é calar. Sorrir e calar. Embriagar em silêncio, ver triunfar uma inércia boa que é um ensaio tosco do que será a inércia do meu cadáver por bastante tempo a apodrecer sem reação, abaixo duma lápide com gentilezas dos meus entes queridos escritas, mas deixemos desses pensamentos mórbidos que não os quero hoje.
Hoje quero uma tarde quente e uma cerveja, quero falar com os meus amigos queridos, quero sorrir um tanto grande antes de desmaiar chorando! E vinho, meu Deus, muito vinho para todos! Seria bom ser daqueles vinhos caseiros que se toma no Paraná! Quero amanhecer sem que o dia amanheça comigo. E antes dessa quase manhã, na madrugadinha prestes a ceder, ter certezas de que vai amanhecer para mim, afinal.
Se as moças paralíticas aceitassem uma taça de vinho e soubessem dessas coisas, talvez não ficassem tão ofendidas. Embora eu saiba que seu sorriso me deixaria muito mais triste, é melhor construí-los que dividir minha miséria... Uma miséria que dividida, apenas cresce.
Vamos partir em breve para um destino simples? Talvez vendam passagens pra esse lugar, mas não me refiro a nenhum entorpecente ou veneno... sem mormidez hoje, sem dramas simples. Eu gosto é do gasto.
Duas paralíticas vieram me pedir dinheiro para seu orfanato, perguntei se aceitavam amor, elas se ofenderam, achavam que eu estava debochando com alguma insinuação, mas na verdade eu estava na dúvida se aceitavam amor, porque os cartões de crédito, de todos os tipos, aceitavam. Claro que não daria o meu amor a elas, não tenho para dar, perguntei por curiosidade econômico-sentimental.
Tenho curiosidade, eis o meu mal. Curto imenso os limites das curvas, quando o carro vai capotar? Haverá sobreviventes? Continuará o carro em condições de funcionar bem depois? É impossível saber... essas curvas variam muito! Viva a geografia das nossas estradas que oferecem sempre curvas imprevisíveis. Descubro o corpo de seu cobertor e dou risadas inconvenientes, mas nunca a ponto de constranger... disso não gosto. Basta de ser curioso.
Bom mesmo seria não imaginar o amanhã, viver na realidade dos bichos, bom mesmo seria não ter tanto ideal, bom mesmo seria não ser escravo da paixão de quem sabe um dia vir a ser... sei lá o quê! E ter! Ter muito dessas coisas inúteis. E ter um amor também! Claro, um bem importante.
Será que ambicionar o amor assim é ser materialista? Será que uma moral reconstruída de um cristianismo burguês pode me livrar de ser tão tristemente tolo na conduta social? Será que ela me entende mesmo tão bem a ponto de amar? Meu Deus, amar! Que verbo desconjurado do que devia mesmo ser!
Amo mesmo é o verbo contemplar. Contemplo. Dentro de mim calo tudo. Sim, não digo, não vou dizer, não digo mesmo. Curto é calar. Sorrir e calar. Embriagar em silêncio, ver triunfar uma inércia boa que é um ensaio tosco do que será a inércia do meu cadáver por bastante tempo a apodrecer sem reação, abaixo duma lápide com gentilezas dos meus entes queridos escritas, mas deixemos desses pensamentos mórbidos que não os quero hoje.
Hoje quero uma tarde quente e uma cerveja, quero falar com os meus amigos queridos, quero sorrir um tanto grande antes de desmaiar chorando! E vinho, meu Deus, muito vinho para todos! Seria bom ser daqueles vinhos caseiros que se toma no Paraná! Quero amanhecer sem que o dia amanheça comigo. E antes dessa quase manhã, na madrugadinha prestes a ceder, ter certezas de que vai amanhecer para mim, afinal.
Se as moças paralíticas aceitassem uma taça de vinho e soubessem dessas coisas, talvez não ficassem tão ofendidas. Embora eu saiba que seu sorriso me deixaria muito mais triste, é melhor construí-los que dividir minha miséria... Uma miséria que dividida, apenas cresce.
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