quarta-feira, novembro 16, 2005

Dezesseis de novembro

Uma candura e um apelo. Um sentir próprio das pessoas que amam sinceramente. Sente, sente a vida em todos os seus sentimentos, sente o amor que tem à sua volta e se regozija desta boa estabilidade de sentir.
Talvez deva lembrar suas feições de gentileza, cortesia e generosidade, cada uma de suas tão grandes e tão raras qualidades. Caberia ainda uma digressão exagerada sobre os seus diferentes sorrisos, cada qual com diferentes significados, e uma outra sobre seu cheiro, aquele que a brisa marinha influenciou, como um rochedo à beira mar que vai ficando liso com os séculos. Tudo isso não bastaria, pois é mais e maior que as metáforas, mesmo perfeitas e justas, sobre ela.
Surgem seus esforços de dedicação sempre precedidos de seu incomparável tato em não ferir. Constroem-se sua indizível pureza e seu pudor em ser de outra maneira, como dois componentes de uma só virtude. É ela mesma e isso dá muita alegria, pois de outro modo não seria tão doce, nem tão querida, nem tampouco o dia de hoje seria dezesseis de novembro.
É dia dos seus anos! Cometas a rasgar o céu desprevenido vêm dizer ao mundo que é para alegrar-se. Não é uma mártir dos pecados, mas redime o mundo de ser tão traiçoeiramente bobo e superficial.
Surpreendentemente habita os lugares improváveis. Por mais de uma vez já a surpreendi nos céus dos parques, nas esquinas tristes e distantes do centro da cidade, na saída do trabalho quando o tempo era bom e eu me senti enfim apto a apreciar o que quer que fosse. Lá estava essa moça, a sorrir diligentemente seu incomparável sorriso aos meus pensamentos, a trazer-me de volta das considerações mais absurdas sobre a condição humana, a resgatar-me sem saber de algum imaginário ou real degredo.
Além de mim, tantos outros se alegram. Seus pais, suas irmãs, seus colegas de trabalho, seus amigos, todos que a conhecem, hoje batem palmas! Alegram-se por tê-la por perto e por ela dividir com todos esses seus sorrisos e essas suas gentilezas, essa conversa cheia de interesses sinceros e preocupações justas, e sabem muito bem todos eles o quão especial ela é e como fica bonita quando um pouco preocupada!
Hoje queria beijá-la e dizer pessoalmente o quanto o futuro reproduzirá suas virtudes em felicidades e grande paz, que Deus há de garantir-lhe boa saúde, que todos os seus sempre se alegrarão mais e mais do seu convívio. Distante, todavia, reproduzo meus sentimentos nessa escrita e ambiciono coisas loucas!
Entre tudo, ambiciono um baile a mais para enfim conduzir seu corpo dançante entre as vias estelares de um salão sem estrelas (mas cheio de gente bêbada e ansiosa, mas enfim, há espaço para nós lá também!) E novamente poder fazê-la sorrir, talvez até gargalhar, construindo alguma alegria e tendo grande alegria, e então, como um mendigo satisfeito, não diria "Deus te abençoe", mas "que lindo sorriso!"