quarta-feira, setembro 17, 2008

Para rir

Começa o ano lectivo na universidade, mas mesmo antes dele os problemas administrativos do semestre passado acordam das férias para atormentar alguns alunos.
Não foi outro o caso de uma futura colega do mestrado (espero eu e mais ainda ela mesma) que após concluir a licenciatura, fez candidatura condicionada para o 2º Ciclo, a qual só poderia ser confirmada com a apresentação da certidão de licenciada.
Pelas dinâmicas próprias da burocracia, mas mais directamente pelo desleixo de um dos seus professores do semestre passado, a tal certidão não seria nunca expedida. Explico: os serviços académicos só emitem a certidão de licenciado uma vez que tem todas as cadeiras no currículo com as notas assinadas pelos professores e esse um "esqueceu-se" de assinar a nota da minha colega. Resultado: nada de certidão e por conseguinte, nada de mestrado.
Peço desculpa por fazer descer à guela do leitor os pormenores burocráticos, mas é preciso para que o exacto ridículo da situação fique claro: por erro da faculdade na pessoa de um seu professor, uma candidatura ao mestrado seria negada e, muito pior que isso, o próprio futuro profissional da candidata comprometido em 1 ano pelo menos, já que com as modificações introduzidas pelo processo de Bolonha, não basta mais apenas a licenciatura, é preciso também uma especialização (mais 1 ano de estudos) para fazer os exames da Ordem dos Advogados. Resumindo a missa: um erro sério e imperdoável, na visão desse modesto homem de acção.
Muito bem, estando eu nos serviços académicos para tratar dos meus próprios assuntos, aproveitei a rara chance de questionar à Doutora Maria Benedita, encarregada dos mestrados, o que poderia ser feito nessa situação, para além de compelir fisicamente o professor a assinar a nota, e foi-me dito que juntasse o currículo da candidata onde constava a integração das cadeiras que poderia confirmar a matrícula, tendo, entretanto, de juntar a certidão até o início das aulas.
Como pareceu-me uma coisa simples (tão ingénuo o menino) resolvi ver se poderia adiantar alguma coisa eu mesmo já que estava de frente para o balcão onde se faz os pedidos de currículo.
Bravo e resoluto, após alguma espera a ouvir falar ao telefone o tal que me iria atender, expliquei com clareza didática o caso. O homem abriu no seu computador o currículo da candidata e já estava tudo pronto para que o imprimisse e eu entregasse o documento na outra mesa quando, por razões que nem a fé pode explicar, questionou qual seria a cadeira que faltava o relatório da nota assinada... Eu não tinha tido a indiscrição de perguntar (já agora percebem que chamei desleixado a um professor que nem sei quem é, mas sei como trata os seus relatórios de notas). Não percebi a importância aquilo, já que o senhor tinha visto que o interesse era apanhar o currículo ali e deixar no balcão dos mestrados, onde a senhorazinha que ali atendia iria cuidar muito bem de dar baixa na anulabilidade da candidatura e resolver todo o problema... Mas não viu dessa maneira o senhor: juntou-se nessa de querer ver qual era a cadeira e como eu realmente não sabia, não pude fazer muito mais que isso.
Depois disse à minha colega qual era a providência a tomar e ela mesma fez o dito, que esperamos que baste.
Da situação toda, entretanto, para além da raiva do momento, serviu para ver que como se não bastasse a falta de organização, falta também o senso do ridículo a alguns funcionários públicos. É mesmo para rir.