Recordo hoje as velhas lições sobre as virtudes como um propósito de amor. Houve um tempo em que aquilo soava algo inconcistente, quando, pela própria imaturidade, os propósitos nos serviam e não nós a eles. Entretanto, pedíamos ao Pai Celestial com muita fé: "Crie em mim um coração puro, ó Deus".
Embora à primeira vista pareça um pedido simples, não consigo pensar em nada mais grandioso para se pedir, nada mais difícil de se alcançar, nada mais bonito.
Na simplicidade dos sorrisos, quantas palavras não podem ser salvas de um destino de desperdício e cansaço? Como os actos frente às declarações, a verdade da pureza é o que nós próprios somos e fazemos da vida, não nossos receios e ambições, menos as pesadas máscaras e as mentiras convenientes.
Vendo o Israel Kamakawiwo'ole tocando o seu pequenino ukelele de frente para o mar, com seu chapeuzinho para se proteger do sol, tem-se uma idéia desse grande, imenso valor da simplicidade.
Apenas um homem, como muitos outros mas que como poucos viveu sem medos, fiel ao que sentia e a quem o amava, cantando o amor ao Havaí, às suas tradições e essa simples condição da pureza que é capaz de nos fazer ser doces por dentro.
Lamentavelmente, o Israel morreu em 1997, aos 38 anos, devido a problemas respiratórios pela obesidade mórbida.
Em algum lugar para além do arco-íris habita o nosso sonho de viver em paz, sem ter de ferir e nem ser ferido, sem a arrogância, o despotismo e crueldade. Esse sim, o verdadeiro pote de ouro que lá se encontra.