quinta-feira, outubro 20, 2005

A compaixão do canto lírico

A apresentação do grupo de canto lírico da Faculdade de Filosofia de Vitória será hoje à noite. Os participantes ensaiaram durante a semana toda, quem mora no centro da cidade, ao menos nas redondezas, pode atestar a regularidade dos ensaios!
Acho bom que as pessoas queiram aprender a cantar canto lírico. É bonito e além disso fazem bem a si mesmos, já que, conforme o ditado, "quem canta seus males espanta", e fazem bem aos outros, já que é agradável ouvir (desde que afinado e de boa qualidade a voz).
Lembro de um colega da faculdade que passou por algum trauma, algo como fim de namoro ou morte de parente querido, e trancou a faculdade, isolou-se em casa e não apreciava nem o sol da manhã. Pois matriculou-se na aula de canto lírico e advinhem: continuou triste, mas ao menos um triste que sabia cantar bem e alegrar os outros, o que o tornou menos triste no fim das contas.
Levou 2 anos, eu acho, mas voltou a faculdade e à vida normal de um rapaz de vinte e poucos anos, afinal, havia lirismo de novo.
Na sua volta é que ficamos amigos, conversávamos sobre tudo, inclusive canto lírico. O engraçado é que conversávamos sobre canto lírico indo para a faculdade e no meio do ônibus começava o jovem Kaiser a soltar seus agudos e graves, mas nunca sem antes fazer o aquecimento.
Os traumas desse meu amigo do canto lírico também eram interessantes, e eu, talvez por algum impulso mórbido, fazia com que ele explicasse tudo e ficava mesmo surpreso de como ele reagia contra as adversidades, como quando a namorada o deixou por outro e ele contava como que uma piada que a outra pessoa já conhece! Previamente sem esperar fazer rir, mas de bom humor e boa disposição.
Estranhamente eu achava normal um rapaz de 1,90 e bastante barbado gostar de canto lírico. Lembro quando fiquei sabendo e fui na sua primeira apresentação, uma ópera de autor brasileiro, já não me lembro quem, mas era algo moderno e ousado, saiu-se muito bem o meu amigo, arrancou suspiros das calouras e foi o orgulho da rapaziada da sua turma aquele dia.
Hoje, por conta de ficar sabendo dessa apresentação em Vitória, lembrei das suas histórias. A última que fiquei sabendo era muito boa: de como ele conhecera uma namorada. Estava o rapaz ao celular e numa linha cruzada conheceu a moça! Essa todos na faculdade duvidavam, e eu também duvidava, parecia só mais uma das estórias do Kaiser, mas depois conheci a menina, uma loira baixinha e com um sorriso lindo, doida por ele.
Afinal, o canto lírico faz bem à alma do mundo.