Com a ausência da minha principal leitora, é meu dever informar que a redação das crônicas futuras ficará irremediavelmente prejudicada. Mas não vou parar e não seria produtivo para minha técnica e nem justo com os outros leitores.
Deste modo, compete agora externar aqui o quanto é bom ser lido.
Essa minha querida amiga que está de férias no litoral costuma vir sempre discretamente a esse meu espaço e ler minhas crônicas curtas e humildes com o coração cheio de um afeto tão cheio dela que me deixa sem graça às vezes, uma coisa linda mesmo. Sinto falta dela já que temos sempre conversas bem longas e ela dá-me boas idéias para colocar aqui, nomeadamente sua paixão e força deixam-me a olhá-la bem feliz de conhecer suas idéias.
Nem todos os leitores são assim tão participativos, mas considero que no caso desse veículo especificamente, todos os leitores são bons.
Imagine quem viria para cá para ter de fazer uma resenha, ou estudar para uma prova? Os que cá vêm, vêm por amizade e por gosto de ler essas coisas que escrevo e assim está muito bem para mim.
Digo a todos que tenho mesmo imaginado a grande nação de cronistas que no exato instante em que bato minhas teclas estão imaginando sua próxima crônica. Admito que eu mesmo gasto horas deliciosamente lentas nessa percepção do que seria interessante de ser lido. Pergunto a mim mesmo: 'afinal, isso eu gostaria de ler?' e daí penso nos assuntos que estão sendo discutidos, ou mesmo que não estão no ápice das discussões mas que, por uma razão ou outra, estão na minha mente. Aqui mora um grande perigo: coisas privadas em privado devem ficar. Essa máxima da boa crônica é relativamente verdadeira. Há coisas que não são do interesse de ninguém a não ser de si próprio na sua intimidade, outras têm de ser preservadas por uma questão de bom senso e umas ainda secretas por questão de tornar as coisas mais interessantes. Dosando uma situação em relação à outra é possível escrever dando suas impressões pessoais sem parecer enfadonho e estúpido.
Normalmente nos fotologs é isso o que acontece: pessoas postam fotos com textos falando de coisas particulares que não são muito interessantes para quem não está na foto. Tudo bem, vão argumentar comigo: 'um fotolog é para expor fotos particulares de alguém!', mas há maneiras e maneiras de fazer isso, dois exemplos são meu amigo de colégio e uma amiga portuguesa de Lisboa: ambos postam suas fotos mas com textos refletindo sobre aquilo, de modo que a coisa toda ganha um corpo de conteúdo, até quem não está na foto adora ir visitar justamente porque acrescenta algo ao seu cotidiano! Entretanto, é difícil exigir que todos tenham sensibilidade para compreender que divulgar fotos ou textos exige um mínimo de conteúdo para não ser algo superficial e cansativo. Meu amigo de colégio posta fotos do seu dia-a-dia: da universidade, do ônibus que pega todos os dias de manhã, até uma foto da namorada conversando com ele pela internet ele postou (essa aliás foi a mais linda de todas). De modo que seu pai que mora noutro continente com alguns irmãos ou sua mãe que mora apenas noutra cidade poderão acompanhar sua vida mesmo não estando ao seu lado, meu amigo, assim, faz um uso social do fotolog que muitos nunca imaginaram ou procuraram entender que ele tem. Minha amiga lisboeta vai ainda mais longe, publica poemas inspirados em fotos, dela mesma ou de pessoas que ama ou até de lugares, o resultado é muito profundo, já que depois de ver a foto e ler o poema sabe-se exatamente como ela se sente e minha amiga aprecia dividir isso com todos os seus amigos, mesmo os que não tem tanta intimidade assim.
O resultado desses esforços é justamente um uso mais inteligente e mais atraente desses instrumentos de divulgação eletrônica de texto e imagem e eu, com meu humilde cantinho de crônicas curtas, procuro exercitar essa arte e quem sabe um dia chegar a escrever algo realmente e profundo e minha querida leitora tem me ajudado muito por isso não exagero nada quando digo que eu tenho saudades imensas dessa mocinha linda! :D