Li no jornal de hoje que Carlos Bilardo, o técnico da Argentina da Copa do Mundo de Futebol de 1990, realizada na Itália, trapaceou para vencer o Brasil na partida que valia uma vaga nas quartas-de-final.
Por ordem dele, o massagista argentino misturou sonífero à água que foi oferecida aos jogadores do Brasil. O fato interessante é que o meia brasileiro Branco deu uma entrevista na época dizendo que se sentiu mal disposto depois de tomar dessa água e que um argentino quis tomar da mesma garrafa e foi impedido pelo massagista.
Episódio melancólico da história desportiva do Brasil, a eliminação da Copa de 90 foi também um episódio emoldurado por um churrasco de família.
Lembro-me claramente de todos festejando, felizes, bebendo e, depois do fim, todos indo embora chateados, homens chorando e garotinhos pequenos sem entender direito porque a festa tinha acabado! Nesse churrasco houve também um bolão para ver quem acertava o resultado do jogo. Evidentemente, a grande maioria apostou numa vitória brasileira, alguns com o entusiástico placar de 5x0 e até 7x2 como foi a aposta do meu pai. Mas o resultado final foi favorável à Argentina, com um único gol marcado após um passe de Diego Armando Maradona e um chute colocado com o pé canhoto do atacante Caniggia. A única vencedora do bolão foi minha tia Célia, que ganhou o equivalente a 500 reais por apostar solitariamente na derrota brasileira pelo placar mínimo, a única a sorrir e pular alegremente com o fim da partida quando uns poucos a cumprimentavam com um riso amarelado e frio.
A revelação de Bilardo, em uma entrevista a um periódico desportivo portenho, deixa o ranço de tristeza de ter perdido essa copa ainda mais melancólico já que a Argentina venceu trapaceando. Desde a guerra das duas rosas em que o Brasil queria anexar o Uruguai e a Argentina defendia sua independência, temos nos portenhos o estigma maior do inimigo que ronda. Ao fato histórico da rivalidade, soma-se a presunção argentina de considerar-se um país 'melhor' que o nosso, pretensão digna de risos, no mínimo, mas que demonstra o despreso pelo Brasil e a ignorância da realidade sulamericana onde fazer questão de ser melhor que o vizinho não significa muita coisa: somos cidadãos de um continente sem países ricos.
É visível que os brasileiros fazem um grande esforço para gostar da Argentina e se aproximar dos costumes e cultura daquele país, visto que é essencial para o sucesso da união da América do Sul, entretanto a lendária traquinagem argentina vem à tona em episódios como esse e reacendem intrigas e desconfianças seculares.
De todo jeito, continuo gostando da Argentina. :D